Livro: A ÚLTIMA FRONTEIRA


Entre as verdejantes encostas a Norte e o azul do Sado a Sul encontra-se a última fronteira de Setúbal. Trata-se de um  espaço onde com o avanço da cidade já pouco resta dos ricos solos onde outrora floriram deliciosas e perfumadas laranjeiras.

A "ÚLTIMA FRONTEIRA" relatará como tudo aconteceu, descreverá as quintas da várzea, o aparecimento dos bairros, as lutas dos movimentos ecologistas pela preservação deste espaço e as mais deliciosas histórias sobre esta parte da cidade de Setúbal.

O livro será apresentado por Carlos Frescata, no sábado, dia 7 de abril de 2018, pelas 17,00 horas, no auditório da Biblioteca Publica Municipal de Setúbal.


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Sugestivas fotos, incluindo algumas com o recurso de meios aéreos ajudam a melhor perceber o que se passa ou passou nesta importante área da cidade sadina, outrora ocupada por produtivas quintas e para onde se encontra anunciada a construção do Parque Urbano da Várzea, o maior parque verde setubalense.

                                
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Finalmente!  

Depois de quase um ano às voltas com este trabalho acabo de dar por terminado “A Última Fronteira” e escolhi para ilustrar a capa a emblemática imagem do Mirante da Azeda, qual vigilante posto fronteiriço entre o verde dos nossos campos e o azul do nosso rio e mar. 

Este é um livro onde a interessante história do movimento ecologista setubalense se conta na primeira pessoa e onde podemos ler muitos curiosos relatos, descrições e histórias ocorridas na várzea de Setúbal, um espaço onde a tentacular especulação imobiliária não tem dado tréguas desde o tempo do Estado Novo até aos dias de hoje. 


Agendei a apresentação pública deste trabalho para o dia 14 de abril um dia que conto ter os amigos e todos aqueles que se interessam pelas coisas da nossa terra reunidos num agradável espaço setubalense.

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A ÚLTIMA FRONTEIRA
(Impressões de um leitor)

Quando abri, pela primeira vez, o livro “A ÚLTIMA FRONTEIRA”, de Rui Canas Gaspar, senti libertar-se, como por magia, o suave perfume das flores de laranjeira que, no mês de Maio, se fazia sentir alguns quilómetros antes de chegarmos a Setúbal, vindos de Azeitão, pela EN-10.
Depois, foi o embrenhar ávido e infatigável, na leitura sem pausas daquele manancial de recordações que dão, ao mesmo tempo, prazer e sofrimento, a quem ainda conheceu e deambulou por todas aquelas Quintas de um passado já longínquo, leitura essa que só se deteve na última página.
Perante os meus olhos, toldados por uma imensa saudade, irmã gémea da tristeza, desfilaram, como num sonho, todas aquelas férteis e prósperas Quintas da Várzea de Setúbal, com os seus nomes caprichosos: da Mouca, da Restaurada, de Prostes com os seus aguadeiros, da Inveja, da Boa Esperança, da Saudade, da Azeda e mais o seu mirante único (que não se pode perder!), de São Joaquim, das Palmeiras e do Paraíso.
A das Palmeiras ou dos Padres, onde morava a minha namorada e depois mulher, foi a primeira a ser sacrificada, com a construção do Liceu e do novo Estádio do Vitória. Porém, todas as outras acabaram por perecer, primeiro, pelo envelhecimento e morte dos respectivos proprietários; depois, por acção do camartelo urbanístico, manejado pela cupidez dos particulares e dos autarcas.
Com a “ÚLTIMA FRONTEIRA”, Rui Canas Gaspar prestou mais um serviço inestimável a Setúbal, e à sua Gente, ao garantir a preservação de uma memória colectiva que, todos os que amamos deveras esta cidade, temos obrigação de conservar e defender.
Por isso, deste meu recanto distante, lhe envio um caloroso abraço de felicitações, pela autoria deste livro - verdadeiro serviço prestado à cidade que o viu nascer - e que merece ser lido com um entusiasmo semelhante ao meu e figurar, em lugar de honra, nas bibliotecas de todos os setubalenses que se prezam.
Manuel Poirier Braz

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Comentário de João Reis Ribeiro no seu blogue Nesta Hora

“Esta será provavelmente a última oportunidade que teremos para salvar o pouco que ainda resta da várzea de Setúbal, ou seja, dar o devido uso aos terrenos ainda livres de betão. (...) Trata-se de terra agrícola onde, em tempos passados, existiram lindas e produtivas quintas e que presentemente se encontra parcialmente ocupada por edifícios habitacionais, de comércio ou serviços. É aqui que agora se pretende construir o maior parque verde sadino, como se de uma última e necessária fronteira entre o passado e o futuro se tratasse.” Estas são as frases iniciais do mais recente livro de Rui Canas Gaspar, A Última Fronteira - Várzea de Setúbal (Setúbal: ed. Autor, 2018), que, no sábado, vai ter apresentação pública na Biblioteca Municipal de Setúbal.

Pelas suas cerca de duas centenas e meia de páginas passa um texto introdutório assinado por Carlos Frescata, que relembra a sua intervenção em prol do ambiente em Setúbal e o papel que a sua geração teve em torno do movimento “Setúbal Verde”, e passam crónicas repletas de histórias e de memórias da várzea setubalense, que foi povoada por quintas, experiências e vidas agrícolas, um espaço a fazer a ligação entre a Setúbal à beira-rio e próxima do mar e a Palmela mais vocacionada para a agricultura.

Aquilo a que hoje se vai chamando “várzea” é apenas uma parte do que ela na verdade foi. Mas o crescimento da cidade foi implacável com esse território ao longo dos tempos, desde a instalação do liceu e da escola básica de 3º ciclo, dos espaços desportivos, das habitações, dos estabelecimentos comerciais, até às faixas rodoviárias. As quintas que alimentaram e sustiveram a várzea são hoje nomes de referência histórica que preenchem memórias. Neste livro, Canas Gaspar leva-nos a visitar algumas dessas quintas (da Azeda, da Azedinha, da Boa Esperança, da Inveja, da Môca, das Palmeiras, do Paraíso, de Prostes, do Quadrado, da Restaurada, da Saudade, da Varzinha); evoca histórias como as do Palácio dos Aciprestes, da tragédia do dono da Quinta do Paraíso numa escaramuça entre liberais e absolutistas, do corte de passagem junto à azinhaga de São Joaquim levado a efeito por jovens da Quercus; relembra personagens como o chefe escutista Joaquim Farinha (que chegou a encontrar-se com o astronauta Neil Armstrong) ou como Joaquim, “o último pastor da várzea”; chama traços caracterizadores de Setúbal como a produção de laranja e os respectivos licor e doce, como as memórias ligadas à ribeira do Livramento (é, aliás, este curso de água que constitui importante pista para uma visita à várzea e às suas histórias).

No final do livro, Canas Gaspar refere ainda o que é o projecto para o futuro da várzea, um Parque Urbano em que é apontada a área de 400 mil metros quadrados, que, “para além de parque lúdico, deverá ter a importante função de defesa da cidade contra o risco de inundação” e constituirá um espaço recreativo e ambiental de elevada importância. Ainda que este projecto venha pôr fim à várzea enquanto espaço agrícola, Canas Gaspar conclui com optimismo que “a necessária e urgente obra só por si será uma lufada de ar fresco e puro, constituindo certamente a última fronteira entre o tentacular betão que paulatinamente tem vindo a impermeabilizar os solos e o verdejante campo que envolve esta linda cidade localizada estrategicamente entre o verde e o azul, uma terra que cada vez mais pessoas escolhem para viver.”


A Última Fronteira - Várzea de Setúbalé um livro que se lê com agrado, ao ritmo da crónica, apontando como máxima pretensão uma viagem pela identidade através de uma viagem no tempo e também a consciência que todos devemos ter quanto ao papel que a Natureza para si reivindica e que passa pelas condições para que a vida seja mais equilibrada.


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A ÚLTIMA FRONTEIRA – Várzea de Setúbal
Neste livro o autor, fiel ao seu estilo, presenteia o leitor com uma agradável surpresa, consegue ao mesmo tempo falar do passado, do presente e do futuro da Várzea de Setúbal, isto é, pelo preço de um compramos três livros.
Depois de escrever sobre a Serra da Arrábida, sobre Tróia, sobre o Sado, Rui Canas Gaspar presenteia os Setubalenses com um livro sobre a Várzea, sendo este provavelmente o espaço de Setúbal que mais transformações teve neste último século.
O livro começa em forma de homenagem ao fervor ecologista que nasceu em Setúbal nos finais da década de 60 maturou na década de 70 e teve o seu apogeu na década de 80 e tudo isto começou com um grupo de jovens, como sempre a mudança e o progresso nada tem a ver com idades mas sim com mentalidades.
Neste livro o autor homenageia, como só ele sabe fazer, todas as pessoas que tiveram as suas vidas ligadas à Várzea, desde os donos das quintas, dos seus trabalhadores, aos jovens ecologistas que lutaram pela Várzea em suma é, mais uma, homenagem da Setúbal aos Setubalenses e a quem fez de Setúbal a sua morada, como é o meu caso.
Está de parabéns Rui Canas Gaspar, que neste livro mostra, uma vez mais, que é um dos melhores historiadores/investigadores locais que a Península de Setúbal tem neste momento. Só ele consegue escrever o que escreve sobre Setúbal, saibamos como leitores aproveitar e “beber” através dos seus livros todo o conhecimento que ele tem sobre a Cidade do rio Azul
Os meus parabéns por mais este fantástico trabalho de investigação sobre Setúbal.


André Santos

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