SADO
Convite para si e para os
seus amigos
Chamam-me
Sado, mas também já fui conhecido por Sadão, Calipus e pelas mais diferentes
designações ao longo dos séculos desde que comecei e percorrer os 180 quilómetros
que separam a zona do meu nascimento, no Alentejo, junto ao Algarve, até à
minha foz em Setúbal, frente à Serra da Arrábida.
Em
Setúbal até gostam de me alcunhar por “rio azul” porque na maior parte dos dias
apresento-me vestido com uma linda roupagem da mesma cor do céu.
Imaginem
que agora o meu amigo Rui Canas Gaspar escreveu mais de duas dezenas de temas
que abrangem os mais diferentes aspetos da minha vida, desde a chegada dos fenícios
e romanos, passando pela retenção das minhas águas nas barragens que os homens construíram
ao longo do meu curso.
Aproveitou
este facto para ir dar uma vista de olhos a algumas belas e produtivas herdades
que se encontram junto às minhas margens e não deixou de falar com as pessoas
que por lá laboravam ou que tiraram o seu sustento das minhas águas.
O
autor escutou também e agora partilha, lindas e curiosas lendas e histórias
contadas ao longo dos séculos naquelas noites quando a lua me vem beijar e os
pescadores e barqueiros olham curiosos e com alguma inveja.
Relata
histórias de vida de apanhadores de ostras, de chocos e até de lixo deixado por
alguns a quem lhe forneço o sustento e assim não deviam proceder, vá lá que
também tenho muitos e bons amigos que me vêm limpar!
Dizem
que a minha é uma das mais belas baías do mundo e até faz parte de um seleto
clube, mas poucos sabem o porquê e a sua origem, por isso ao contar a minha
história de vida não poderia deixar de desvendar este “mistério”…
SADO
é a história da minha e de muitas vidas e locais que agora dou a conhecer com
mais detalhe e que poderá para além de vos deliciar com a narrativa servir
também de guia ecoturístico para melhor me conhecerem bem como parte do ambiente
que me rodeia.
Porque
acredito que gosta de mim, saiba que está convidado, tal como os seus amigos,
para a apresentação pública do livro que conta a minha história e que terá
lugar em Setúbal, na Casa da Baía (do Sado, pois claro!...) no sábado, dia 8 de
julho, pelas 18,00 horas.
www.livrosdorui.blogspot.com
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"SETÚBAL REVISTA"
Julho 2017
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OPINIÃO DE UM LEITOR SOBRE O “SADO”
Na passada sexta-feira, ao fim da
tarde, quando saía de casa, para ir passar o fim de semana na minha
quintinha de Malaqueijo, aldeia do Ribatejo, situada entre Rio Maior e
Santarém, abri o receptáculo de correio e dele retirei o seu livro, que levei
comigo. Sem prejuízo de outras tarefas que tinha previsto, como regar as
árvores de fruto, consegui lê-lo todo, com entusiasmo crescente, até domingo à
tarde.
Devo dizer-lhe, com plena sinceridade,
que essa leitura me proporcionou imensa satisfação.
Do que aprendi e concluí destaco o
seguinte:
1) O livro tem uma capa de muito bom gosto, está impresso
em papel couché, é composto de 200 páginas e possui 140 gravuras a preto e
branco, que mesmo não sendo a cores, devem ter tornado a edição bem mais cara
do que seria com outro papel e sem gravuras, embora com detrimento da qualidade
e apresentação;
2) A dedicatória que teve a gentileza de escrever no meu
exemplar, e que muito agradeço, falha apenas num ponto: pensar que eu iria
“conhecer um pouco melhor o nosso Sado” quando, na realidade, depois de o ler,
cheguei à conclusão de que, antes, quase nada sabia do “rio azul”; agora, sim,
é que fiquei a conhecê-lo.
3) Também conclui, que o meu amigo nasceu no dia 19 de
Abril de 1948, pelo que tem agora 69 anos de idade, ou seja uma boa dúzia menos
do que eu;
4) A ideia de pôr o rio a falar é excelente e permite
assegurar uma continuidade da descrição que, por assim dizer, flui como as
águas do Sado, desde a nascente até à foz, permitindo uma exposição harmoniosa,
coerente e sequencial dos assuntos, que proporciona uma leitura agradável e
sempre interessante;
5) A capacidade descritiva do autor, reveladora de uma
grande vocação para a reportagem, o trabalho de investigação profunda e a seriedade
do tratamento dos temas conferem à obra um inestimável valor etnográfico,
regionalista e até científico;
6) Não pude evitar que as lágrimas me viessem aos
olhos, com a leitura de alguns capítulos, como foi o caso da lenda dos
golfinhos do Sado, para a qual a sua capacidade criativa deu uma significativa
contribuição; “os galeões do sal” e “o clube das mais belas baías do mundo”
foram outros dois capítulos que muito me sensibilizaram e encheram de orgulho,
como setubalense adoptivo;
A impressão global foi excelente e, pelo
que refiro, excedeu as minhas expectativas. Dou-lhe, por isso, os meus sinceros
parabéns. Fico à espera do próximo.
Manuel Braz